Uerj desenvolve protetores faciais para profissionais de saúde

No Rio e na região serrana, duas unidades acadêmicas da Uerj se mobilizaram e já apresentam resultados positivos para os profissionais de saúde que estão na linha de frente no atendimento a pacientes com Covid-19.

O Instituto Politécnico do Rio de Janeiro (IPRJ-Uerj), em parceria com professores da Universidade Federal Fluminense (UFF) e a empresa Persona 3D, desenvolveu um modelo de protetor facial (face shield) para os profissionais de saúde. A ideia é conseguir produzir em grande escala para suprir a demanda de Nova Friburgo e de toda a região serrana.

O projeto, batizado de FaceShield de Nova Friburgo, fez, na última quinta-feira (2), a doação das primeiras 260 peças produzidas: 200 protetores faciais foram entregues a hospitais do município e 60, ao Corpo de Bombeiros.

De acordo com Lucas Venâncio Lima, vice-diretor do IPRJ-Uerj e coordenador logístico do projeto, a iniciativa nasceu do desejo coletivo de ajudar a combater o avanço da pandemia, unindo esforços das universidades, da indústria local e do poder público de Friburgo, por meio de sua Secretaria de Ciência e Tecnologia. “O objetivo era desenvolver um modelo de protetor facial que fosse rápido, barato e de qualidade”, afirmou Lucas.

Os primeiros protótipos foram produzidos em impressão 3D, mas o processo não oferecia a rapidez desejada. O grupo partiu então em busca de novas parcerias que viabilizassem uma produção em grande escala. Assim, o Senai Friburgo e a empresa Stam também se juntaram ao projeto. A solução encontrada foi o corte a laser para confecção do visor e a utilização de máquina de injeção para a viseira.

A expectativa é de que consigam produzir até 3 mil peças por dia. “Estou confiante de que a rede de solidariedade que já se formou aumente ainda mais e nos ajude a atingir essa meta. Juntos – sociedade civil, universidade, pesquisa científica e governo –, conseguiremos combater essa pandemia. Acho que é a grande lição que tiraremos desse momento de crise: a importância da união de esforços e da valorização da universidade pública”, ressalta o professor.

Mas, para isso, precisam dos seguintes insumos: plástico ABS, folha plástica translúcida, elásticos perfurados, luvas descartáveis, caixas de papelão, etc. Quem puder ajudar com a doação desses materiais, deve entrar em contato pelo e-mail: faceshield.novafriburgo@gmail.com



Esdi desenvolve protótipo de protetor facial a baixo custo

A Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi) também se debruçou sobre o problema e criou um protótipo de protetor facial para as unidades de saúde da Uerj. As peças fabricadas serão enviadas ao Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe) e à Policlínica Piquet Carneiro (PPC).

Após estudos e a confecção de vários modelos experimentais, os professores da Esdi e os assessores da direção do Hupe selecionaram um modelo de protetor facial que pode ser confeccionado na Esdi e também industrialmente.

O professor Fernando Reiszel, coordenador do Laboratório de Modelagem da Esdi, faz questão de frisar que a produção no Laboratório tem limitações: “Estamos todos nos esforçando ao máximo para ajudar a suprir algumas demandas reais dos profissionais de saúde do Hupe e da PPC. Para nós, é um grande orgulho poder colaborar de alguma forma nessa batalha contra o coronavírus, mas a Esdi não tem condições de produzir em grande escala.”

A expectativa é de que a unidade consiga produzir cerca de 100 a 200 protetores faciais por dia. Eles são feitos com folha plástica de PETg, um material bastante apropriado para essa finalidade, explica Fernando, pois é transparente, flexível e com uma rigidez adequada. A Esdi testou a produção de protetores faciais em uma máquina de corte a laser, que agiliza o processo: estima-se que uma unidade possa ser cortada em menos de um minuto, com mais uns dois minutos para furar e montar. Este método de produção é mais eficiente do que a impressão 3D, que demora cerca de duas horas para fazer somente o aro do protetor.

Já a impressão 3D será direcionada à reprodução de peças de equipamentos hospitalares. “Muitas vezes, um equipamento caríssimo fica sem uso, pois uma pequena peça se perde ou se danifica. Nesses casos, a impressão 3D é bastante útil. A previsão é de que se consiga a impressão de cerca de 4 peças deste tipo por dia, mas vale a pena”, afirma Ligia Medeiros, diretora da Esdi. O tempo médio para imprimir uma peça acessória para um sistema de auxílio à respiração é de duas horas.

Segundo o professor Reiszel, “demora porque a impressão deve ser feita no modo de altíssima precisão. A previsão é fazermos umas 3 ou 4 por dia”, diz ele.