Alimentos da Feira Agroecológica da Uerj são doados em comunidades do Complexo da Penha
Uma ação conjunta entre o Instituto de Nutrição da Uerj (INU) e o Centro de Integração na Serra da Misericórdia (CEM) possibilitou unir duas pontas: de um lado, moradores do Complexo da Penha recebem um reforço na alimentação; de outro, agricultores da Feira Agroecológica da Universidade podem escoar sua produção. Cerca de 200 famílias têm sido beneficiadas com cestas de hortaliças e frutas. A meta é que a distribuição seja quinzenal.
Criada em 2016, a feira organizada pelo INU tem atualmente 20 produtores cadastrados. Com a suspensão das atividades presenciais na Uerj como medida de enfrentamento à pandemia de Covid-19, as vendas, que aconteciam todas as terças-feiras no campus Maracanã, também foram interrompidas. “Temos realizado um acompanhamento dos agricultores e oferecido apoio às novas estratégias de comercialização adotadas por eles. As opções têm sido entrega de cestas em domicílio, venda na própria propriedade e vendas on-line por meio das redes de agricultura urbana e agroecológica”, explica a diretora da unidade, Luciana Maldonado.
Participante da Feira Agroecológica, a agricultora periurbana Leodicea Sales, moradora de Magé, relatou dificuldades nas vendas. Mas, a partir da articulação entre o INU e o CEM, em abril, tornou-se fornecedora de alimentos para as comunidades de Nova Jerusalém e Terra Prometida.
“O sacolão agroecológico teve abóbora, batata doce, cenoura, inhame, fruta-pão, limão galego e taioba… um pouquinho de cada coisa, ampliando a diversidade no prato. Nossa estratégia é fortalecer a imunidade do morador e apoiar os agricultores que estão em fragilidade nesse momento de pandemia”, afirma uma das cofundadoras e líderes do CEM, Ana Santos.
Santos atua desde 2011 na Serra da Misericórdia, onde também mora. No local, promove princípios da agroecologia, por meio de atividades de plantio, oficinas de compostagem, rodas de conversa sobre a importância dos alimentos sem agrotóxicos e da produção familiar urbana. Integrante da Feira Agroecológica desde o início e bolsista da Uerj pelo Programa de Apoio Técnico às Atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão (Proatec) há dois anos, ela ressalta que a Universidade tem papel fundamental em ações educativas e na proposição de novos métodos. “O formato do CEM tem mudado nos últimos anos, a partir da relação construída na Feira, e eu tenho visto que a academia não é algo tão distante, inclusive já escrevi três artigos”, comemora.
Os recursos para as ações nas comunidades vêm principalmente de doações de entidades parceiras. No dia 1º de maio, foi lançada uma campanha para instalação de uma cisterna de 20 mil litros, que servirá tanto para o consumo cotidiano como para a ampliação do plantio em quintais e hortas locais. Veja como contribuir em https://benfeitoria.com/aguaedireito.
Alimentação: aliada da imunidade
A ciência ainda não descobriu nenhum alimento milagroso que trate ou evite a Covid-19. Mas uma dieta equilibrada pode ajudar o organismo a se manter preparado contra invasores.
A professora Luciana Maldonado afirma que bons hábitos alimentares reforçam a imunidade. “A alimentação adequada e saudável é comida de verdade: feita em casa com alimentos in natura (que não sofreram nenhuma mudança depois que foram retirados da natureza) e minimamente processados, como arroz, feijão, carnes, ovos, leite, legumes, verduras e frutas, preparados com pequenas quantidades de ingredientes como óleo, azeite, manteiga, sal e açúcar. Melhor ainda quando estes alimentos são livres de agrotóxicos, como é o caso dos alimentos vendidos na nossa Feira. O consumo destas substâncias traz impactos negativos para a saúde, para o ambiente e para a cultura alimentar que valoriza os alimentos regionais”, explica a diretora do INU.
Maldonado ressalta ainda que a comida comprada pronta geralmente contém valores elevados de açúcares, gorduras e sódio, podendo agravar doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e obesidade, que são fatores de risco para a Covid-19. “Além disso, as entregas destas comidas prontas em domicílio também podem aumentar as chances de contaminação por coronavírus, então melhor evitar!”, conclui.