Comunidade escolar do CAp-Uerj se prepara para o retorno às aulas em ambiente virtual

Assim como as demais unidades acadêmicas da Universidade, o Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-Uerj) também voltará às aulas de forma remota a partir de 14 de setembro. Os mais de mil alunos de todas as séries dos ensinos fundamental e médio retornarão aos estudos, cumprindo o calendário do Período Acadêmico Emergencial (PAE) aprovado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

De acordo com o diretor do CAp-Uerj, Thiago Côrrea Almeida, os estudantes vão ter aulas diárias, no turno da manhã, por aproximadamente quatro horas. “Neste momento difícil, devido à insegurança ocasionada pela epidemia de Covid-19, teremos atividades on-line, tanto síncronas como assíncronas”, afirma, descartando a possibilidade de qualquer prática presencial, como as laboratoriais, por exemplo.

Segundo Almeida, a educação básica enfrentará um grande desafio com a oferta de ensino por mediação tecnológica, mas a adoção desta modalidade emergencial vem para atender ao desejo da própria comunidade escolar. “Pesquisas realizadas com estudantes e responsáveis apontaram para esse retorno por vias remotas”, frisa o diretor.

Todas as disciplinas serão ministradas por meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) do CAp, durante as 13 semanas de duração do PAE. Uma preocupação constante é com relação à inclusão digital. “Vamos acompanhar de perto os estudantes, famílias, servidores e colaboradores que estarão trabalhando neste processo, principalmente o público do Atendimento Educacional Especializado”, ressalta Almeida.

Uma solução para os anseios da comunidade

Para a diretora da Associação de Pais e Professores (APP) do CAp, Patrícia Nunes da Silva, apesar das dúvidas com relação ao formato remoto, a medida é bem-vinda. “Houve uma ruptura desde o início da pandemia, por isso esse retorno é muito importante, tanto pela obrigatoriedade, quanto pela preservação dos vínculos”, afirma Silva, responsável por aluno da 7ª série do ensino fundamental.

Conforme Claudia Videira, também da direção da APP e mãe de estudantes dos ensinos médio e fundamental, o cotidiano escolar estava fazendo falta e muitos pais relataram mudanças de comportamento dos filhos, nesse período. “Alguns ficaram desestimulados, alterando os horários para dormir e acordar, desenvolvendo vícios de ficar jogando na internet”, diz.

Videira chegou a organizar um grupo de estudos on-line para reunir os integrantes das turmas da 7ª série. “Eram encontros sem compromisso, fazíamos revisão de matérias do 6º ano, recebendo uma média de 40 alunos”, conta. Por isso, ela considera que as aulas virtuais são uma boa alternativa, embora alguns estudantes tenham dificuldades de acesso à internet.

Um levantamento recente realizado com 80% dos alunos do CAp mostrou que a maioria não tem problemas para se conectar. “O mapeamento indicou que 90% possuem banda larga com wi-fi e 75% utilizam computador ou notebook, sendo que 60% fazem uso compartilhado do aparelho com outros membros da família”, informa o diretor Thiago Almeida.

A Uerj garantiu aos alunos cotistas do CAp e dos cursos de graduação da Universidade um auxílio emergencial de R$ 600, a ser pago em parcela única em setembro. Por meio do Programa de Auxílio Inclusão Digital, irá fornecer chips com franquia de dados móveis a 12 mil estudantes do CAp, de graduação e de pós-graduação em situação de vulnerabilidade socioeconômica, com renda familiar per capita de até dois salários mínimos. As inscrições estão abertas até o dia 28 de agosto, no site da Pró-reitoria de Políticas e Assistência Estudantis (PR-4).

A preocupação com os colegas

Mesmo com essa rede de apoio, os desafios trazidos pela pandemia e pelo ensino remoto são uma realidade. Para Mayara Pires, matriculada no 2º ano do ensino médio e diretora de Assistência Social do Grêmio Estudantil do CAp, apesar de toda a mobilização para o auxílio digital, as dificuldades são diversas.

“O ensino remoto vai muito além de uma câmera e notebook. Existem alunos que estão tendo que trabalhar diariamente para ajudar na renda familiar, outros cuidam de irmãos mais novos, vivem em ambiente inadequado para ter aulas, ou mesmo em condições psicológicas ruins”, afirma. A mesma preocupação é compartilhada por Tomás Silva e Souza, do 7º ano do ensino fundamental. “Entregar um tablet a uma criança que nunca usou o aparelho não é garantia de que ela conseguirá assistir às aulas”, adverte.

Já para Pedro Videira, do 1º ano do ensino médio, são muitas as questões envolvidas, mas ficar parado também não é uma boa opção. “Não são as condições ideais, existem dificuldades para todos em função da qualidade da plataforma, da forma como são dados os conteúdos. Mas, se levarmos em consideração as atividades que já vêm sendo disponibilizadas no AVA, está sendo produtivo”, conclui.

Conforme o diretor do CAp, “o princípio que não deve ser perdido de vista é que não podemos deixar ninguém para trás”. De acordo com Thiago Almeida, a direção da unidade está disponível para tirar qualquer dúvida. Para isso, basta entrar em contato pelo e-mail cap_uerj@hotmail.com.