Estudo clínico da Uerj e da UFRJ avalia utilização da vacina BCG como aliada na prevenção da Covid-19

Sabe aquela vacina, que a maioria dos brasileiros traz uma marquinha no braço, como comprovação de que tomou quando era criança? Pois esta cicatriz pode sinalizar mais um caminho de combate à Covid-19. Pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) que atuam no Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe) juntaram-se à equipe de investigação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para um estudo clínico que pretende avaliar o uso da vacina Bacillus de Calmette Guérin (a famosa BCG) na imunidade ao novo coronavírus. No Brasil, tradicionalmente, ela é aplicada em recém-nascidos para prevenção de formas graves de tuberculose. Em países onde a BCG é ministrada, observou-se nos últimos meses uma menor taxa de incidência de casos e de mortes por Covid-19. O que os pesquisadores querem investigar é se este dado pode apontar a BCG como importante aliada na prevenção e no controle da doença.

Foto de pesquisadores da Uerj que estudam efeito da vacina BCG no combate à Covid-19
Pesquisadores da Uerj, como a enfermeira Janaína Leung, a técnica Simone Mateus e a pneumologista Ana Paula Santos, se uniram a especialistas da UFRJ no estudo.

Coordenadora do estudo no Hupe, a pneumologista Ana Paula Santos diz que a eficácia da BCG apresenta um caráter heterólogo, ou seja, que vai além do objetivo que é gerar proteção em relação à tuberculose. “É como se a imunidade produzida ficasse armada esperando qualquer invasor no nosso organismo”, esclarece, de forma simples e direta. “Isso pode explicar uma menor incidência da infecção pelo SARS-CoV-2 em países que mantiveram a vacinação universal com a BCG”, complementa.

O estudo proposto pela equipe de pesquisadores pretende envolver 1.000 profissionais de saúde que serão vacinados com BCG ou placebo. Na Uerj, a pesquisa será aberta à adesão de 300 pessoas que atuaram e atuam na linha de frente do combate à doença, tanto no Hupe quanto na Policlínica Piquet Carneiro (PPC). “A ideia é cadastrarmos profissionais das mais diferentes áreas envolvidas: médicos, enfermeiros, técnicos, biólogos, fisioterapeutas, psicólogos, etc. Sempre seguindo a Classificação Brasileira de Ocupação (CBO)”, resume Ana Paula. Também poderão se inscrever alunos do último ano de graduação que cumprirem os requisitos necessários.

Para participar, o principal é nunca ter tido Covid-19. Exatamente por isso, todos os candidatos passarão por testes clínicos, inclusive para verificar gestação e HIV. A pneumologista destaca que os aprovados terão um acompanhamento realizado por equipe multidisciplinar ao longo de 12 meses com avaliações clínicas, contatos telefônicos e visitas, além de exames laboratoriais periódicos.  O cadastro poderá ser feito presencialmente no Hupe, na sala 11 do prédio dos ambulatórios, a partir da terceira semana de outubro. Os interessados devem entrar em contato pelo telefone (21) 2868-8647.

Além de Ana Paula Santos, participam do estudo na Uerj: a enfermeira Janaína Leung, a técnica de enfermagem Simone Mateus, a médica Bruna Macedo e o diretor da PPC, Rogério Rufino.  “Importante destacar que, comprovada a eficácia da BCG, ela não substituiria uma vacina específica contra a Covid-19, sendo útil sua aplicação até que seja descoberta e produzida em larga escala a vacina contra o coronavírus”, resume a especialista.

(Por Coordenadoria de Comunicação Social do Hupe/ComHupe)